domingo, 19 de outubro de 2008

fatalidade



Pela manhã
Vivi cegamente
Em uma felicidade desastrada.
Pela tarde
Permaneci tão contente
Em uma embriagues declarada.
Pela noite
Morri de repente
Em uma certeza desesperada.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Pela própria sorte

Pergunte aos olhos cegos
E as belas cartas de baralho
O que foi feito do passado
Amassado, coado
Nos filtros da razão.
Convença as mãos fartas,exaustas
A lhe traçar com beleza,
Ao avesso do pano de mesa
Um futuro,um coração.
Cale-se e ouça atento
A voz rouca
Que dá ordens ao tempo,
Peça a ela que o obrigue,
Se for capaz,
A parar e voltar atrás.

domingo, 30 de março de 2008

Matéria Legítima

Ausentei-me do que antes era,
No entanto não sou outra,
Sou núcleo cru
De mim mesma,
Carne viva de minha alma,
Exposta ao sol do meio-dia.
A matéria legítima
Dos sentimentos
De maior inconveniência.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Divisível

Conheço-lhe ao meu possível:
o teu recorte.
Entrego-lhe
Razões,cartas
E minha sorte.
Tenho-lhe
Como um sonho,um segredo,
Um atalho,
Meu desmaio.
E de tuas verdades sinuosas:
Mundos infinitos,
Sou visitante,
Sou teu instante,
Divisível,insensato.

Matei uma idéia

Matei uma idéia
E meu infinito se partiu em dois,
Em dois mundos obscenos.

Matei uma idéia,
Despedacei meus dentes de cristal
E meus olhos de metal.

Matei uma idéia,
Misturei efeitos
De imperfeição imediata.

Matei uma idéia,
Anulei núcleos
De belezas ingênuas.

Matei uma idéia
E fiquei preocupada,
Pois não sabia
Que eu também jorrava
de sua artéria cortada.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Monumento

Refugiei-me num lugar minúsculo
Onde havia um velho torto,
Onde pela primeira vez
Eu vi um cavalo morto,
Morto, porém mais parecia
Um monumento erguido
Na estrada de chão.
E por um momento
Aquela morte notável, bela
Fez parte de mim.