domingo, 8 de novembro de 2009

De passagem


A felicidade
De novo me apareceu
E desta vez
Estava radiante,
Meio desajeitada
Acho até que
Estava embriagada.
Gargalhou o passado
E recuperando o fôlego
Contou-me o futuro
Estava de passagem
Antes de ir
Ainda me sorriu
Deu-me flores,
Verdade,
Ontem mesmo
As coloquei num vaso.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ritmo de um relógio parado


Hemorragia de tristes memórias
Que não quer estancar,
O som infernal
Do que não se pode esquecer.
O cheiro do apartamento,
A paisagem na janela,
O frasco vazio:
Tudo respira o passado.
A vida que funciona
No ritmo de um relógio,
Há tempos,
Parado.
Mente infeliz
Que resguarda
O próprio pesadelo,
Que guarda lembranças
Que não se quer lembrar.

sábado, 1 de agosto de 2009

Sobre o tédio [...]


Casa vazia
Chão limpo
Que brilha.
Luz do dia
Insistente
Grita do
Lado de fora.
Teto e
Paredes
Brancos
E só.
Já não
Me incomodo.
Acho graça
Do tédio
Dou razão
Pra solidão
Compreendo
O vazio
Me agrada
A reclusão.

sábado, 11 de abril de 2009

Tardes verdes ou Treze

Lembro as tardes
Tardes verdes de
Grama molhada
E de olhos calados.
Tardes de dezembro,
Tardes de pouca idade,
Tardes fora de casa,
Tardes fora de mim.
Foram estranhas,
Foram belas.
Agora são tardes velhas
Vou guardá-las
Dentro de um livro,
Acho melhor assim.

sábado, 31 de janeiro de 2009

De todas as coisas

Dos meus pensamentos mais leves,
Do meu sono mais profundo,
Das cores mais lindas que conheço
E Da beleza do meu recomeço.
Dos meus anéis de prata,
De minhas certezas mais concretas,
Das minhas palavras mais corretas,
De todas as minhas contas quase exatas.
Das noites que considero melhores,
Da realidade que não se escolhe,
Dos sentimentos duvidosos
E dos meus discursos virtuosos
E do que chamo caminho,
Da alegria do vinho
Da fugacidade que ferve
Lhe entrego a parte que não me serve,
Tudo o que se joga fora
Tudo que é meu e vai embora.