Novo dia de coágulo,
eterno vide verso.
Caem linhas do esquadro,
cada ponto, duas retas;
do traçado, uma cerca;
novo plano, muito ângulo.
minha testa contra o vértice
que aprendo a obedecer.
Sem levante, fico as voltas
como um bicho em movimento
constante circular.
De animal, só a tração;
de mim, a ironia;
de quem todos dias
procura dar a meia volta
e à volta e meia quer voltar.
Reclamo a roda, viva ou morta.
No compasso da vertigem,
Tropeço no bloqueio
E caio fora do cercado.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Desonra
Não há prosa que chegue
para seu alfabeto de flechas,
cada linha vazia
se curva num arco,
rimador em pele de arqueiro
mira o pé da letra,
não fere o tronco,
acerta o fruto,
maldito fruto: a palavra
que desonrado sangra.
Carnes rijas, fortaleza
seca,
sem sementes, reage, incisivo,
mostrando os dentes,
treme em estalos, esforço vão:
perece no galho e ninguém colhe,
morre de capricho, de engano, sem razão.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
terça-feira, 3 de julho de 2012
Parte
A memória rabisca
um arcabouço de vida
meu coração:
sua embarcação, apita.
A hora é de partir,
átrios se apartam,
simulam o trágico.
O adeus é hemorrágico.
Quanto ao músculo
o prefiro em fatias
do que fadigado
fadado à medida do pulso,
assado nas brasas do mundo.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
Escapes
A palavra que cuspo me devora
A ideia que culpo me doutrina
O pensamento que afogo me navega
A imagem que afago me dissipa
A frase falha facilita
O final arbitrário
A maldição finita
Dos dias sem calendário
Da paz que me habita
Tudo finda, deserta, escapa
Exceto a fome da palavra.
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